Pais ausentes ou muito
presentes na escola podem prejudicar estudos das crianças
KATIA
DEUTNER
Colaboração para o UOL
Colaboração para o UOL
Para que a criança tenha um bom aprendizado, é
importante que os pais participem da vida escolar dos filhos, mas respeitando a
autoridade da escola
Há quem
acredite que frequentar reuniões de pais e mestres nas escolas dos filhos é
chato e entediante. Uma vez que confiaram na instituição, não é preciso perder
tempo para saber o andamento da educação. Outros se intrometem tanto que querem
ensinar aos professores a melhor maneira de educar seus filhos.
De
maneias distintas, ambos estão errados. Afinal, qual o limite da relação entre
pais e professores? "Eles são educadores, cada um em seu âmbito. A
convivência entre pais e professores deve ser de harmonia e respeito
mútuo", diz o engenheiro e professor José Carlos Pomarico, diretor geral
do Colégio Joana D’Arc, em São Paulo.
Tudo
começa com a escolha da instituição de ensino. Antes de matricular o filho,
pais devem avaliar quais são os métodos educacionais, a proposta, a linha
pedagógica adotada, para saber se eles concordam com a linha que adotaram para
educar as crianças. "As divergências, caso venham a existir no decorrer do
processo, devem ser resolvidas diretamente com a escola, não deixando que
cheguem ao aluno", afirma José Carlos Pomarico.
Confiança
é o ponto chave, por isso é tão importante escolher a escola com calma. “Uma
boa relação é construída a partir da noção de parceria. Os alunos precisam se
sentir seguros sobre os caminhos que a escola orienta, os quais foram aprovados
previamente pela família”, diz o diretor pedagógico Nivaldo Canova, do Colégio
Giordano Bruno, de São Paulo.
É
importante que pais participem do cotidiano escolar e contribuam com suas
experiências, tenham um diálogo com os profissionais. Contudo, é fundamental
que cada um desempenhe o papel que lhe cabe na formação das crianças e jovens.
"Educar não é uma tarefa fácil, mas o princípio básico é a coerência entre
o que se fala e o que se faz diante de regras", explica a diretora Tatiana
Martinez, do Colégio Rio Branco – Unidade Granja Vianna, em São Paulo.
Papéis
bem definidos
Até que ponto um não avança o campo do outro? Tudo o que diz respeito à educação dos filhos é de responsabilidade dos pais e isso só muda à medida que a criança vai crescendo e tomando suas próprias decisões.
Até que ponto um não avança o campo do outro? Tudo o que diz respeito à educação dos filhos é de responsabilidade dos pais e isso só muda à medida que a criança vai crescendo e tomando suas próprias decisões.
"O
papel dos professores está restrito ao que compete à educação escolar, no
cumprimento de regras estabelecidas para o bom convívio coletivo”, explica a
psicóloga educacional Marli da Costa Ramos Scatralhe, diretora pedagógica do
Colégio Mario Schenberg, em Cotia (SP). Resumindo: à família cabe educar o
filho, à escola ensinar o aluno, exercitando regras de convivência,
compartilhando, respeitando as individualidades, aos bons hábitos de higiene e
respeito ao meio ambiente.
Cuidado com os erros frequentes
Acompanhar
o processo educativo da escola não se restringe a conferir lições de casa ou
mesmo frequentar reuniões. Mas ultrapassar muito esse limite não é bom. Pais
superprotetores prejudicam os filhos em todos os âmbitos –e não só no escolar.
“Eles acabam criando crianças dependentes, inseguras e que precisam o tempo
todo de atenção, não conseguem realizar tarefas simples sem consultar ou ter a
aprovação de professores e ficam contrariadas quando não atingem um objetivo
proposto”, avalia Tatiana Martinez.
Muitas
vezes, tentar inocentar o aluno de qualquer ação impede que se tomem as medidas
necessárias para correções importantes. E isso atrapalha a escola e prejudica a
formação. “Há casos em que a superproteção é usada como compensação de outras
omissões dos pais. Aí o mal é duplo: na omissão e na superproteção, ambos
punindo a criança, provocando, inclusive, desvio de caráter”, diz Maria Edna
Scorcia, diretora pedagógica do Colégio Joana D’arc, em São Paulo. E tem mais:
intervir demais nas decisões escolares só demonstra desconfiança na
instituição. Assim, será difícil exigir que a criança respeite a escola, já que
seus pais não a respeitam.
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