sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Pais ausentes ou muito presentes na escola podem prejudicar estudos das crianças


Pais ausentes ou muito presentes na escola podem prejudicar estudos das crianças
KATIA DEUTNER
Colaboração para o UOL

Para que a criança tenha um bom aprendizado, é importante que os pais participem da vida escolar dos filhos, mas respeitando a autoridade da escola
Há quem acredite que frequentar reuniões de pais e mestres nas escolas dos filhos é chato e entediante. Uma vez que confiaram na instituição, não é preciso perder tempo para saber o andamento da educação. Outros se intrometem tanto que querem ensinar aos professores a melhor maneira de educar seus filhos.
De maneias distintas, ambos estão errados. Afinal, qual o limite da relação entre pais e professores? "Eles são educadores, cada um em seu âmbito. A convivência entre pais e professores deve ser de harmonia e respeito mútuo", diz o engenheiro e professor José Carlos Pomarico, diretor geral do Colégio Joana D’Arc, em São Paulo.
Tudo começa com a escolha da instituição de ensino. Antes de matricular o filho, pais devem avaliar quais são os métodos educacionais, a proposta, a linha pedagógica adotada, para saber se eles concordam com a linha que adotaram para educar as crianças. "As divergências, caso venham a existir no decorrer do processo, devem ser resolvidas diretamente com a escola, não deixando que cheguem ao aluno", afirma José Carlos Pomarico.
Confiança é o ponto chave, por isso é tão importante escolher a escola com calma. “Uma boa relação é construída a partir da noção de parceria. Os alunos precisam se sentir seguros sobre os caminhos que a escola orienta, os quais foram aprovados previamente pela família”, diz o diretor pedagógico Nivaldo Canova, do Colégio Giordano Bruno, de São Paulo.
É importante que pais participem do cotidiano escolar e contribuam com suas experiências, tenham um diálogo com os profissionais. Contudo, é fundamental que cada um desempenhe o papel que lhe cabe na formação das crianças e jovens. "Educar não é uma tarefa fácil, mas o princípio básico é a coerência entre o que se fala e o que se faz diante de regras", explica a diretora Tatiana Martinez, do Colégio Rio Branco – Unidade Granja Vianna, em São Paulo.
Papéis bem definidos
Até que ponto um não avança o campo do outro? Tudo o que diz respeito à educação dos filhos é de responsabilidade dos pais e isso só muda à medida que a criança vai crescendo e tomando suas próprias decisões.
"O papel dos professores está restrito ao que compete à educação escolar, no cumprimento de regras estabelecidas para o bom convívio coletivo”, explica a psicóloga educacional Marli da Costa Ramos Scatralhe, diretora pedagógica do Colégio Mario Schenberg, em Cotia (SP). Resumindo: à família cabe educar o filho, à escola ensinar o aluno, exercitando regras de convivência, compartilhando, respeitando as individualidades, aos bons hábitos de higiene e respeito ao meio ambiente.
Cuidado com os erros frequentes
Acompanhar o processo educativo da escola não se restringe a conferir lições de casa ou mesmo frequentar reuniões. Mas ultrapassar muito esse limite não é bom. Pais superprotetores prejudicam os filhos em todos os âmbitos –e não só no escolar. “Eles acabam criando crianças dependentes, inseguras e que precisam o tempo todo de atenção, não conseguem realizar tarefas simples sem consultar ou ter a aprovação de professores e ficam contrariadas quando não atingem um objetivo proposto”, avalia Tatiana Martinez.
Muitas vezes, tentar inocentar o aluno de qualquer ação impede que se tomem as medidas necessárias para correções importantes. E isso atrapalha a escola e prejudica a formação. “Há casos em que a superproteção é usada como compensação de outras omissões dos pais. Aí o mal é duplo: na omissão e na superproteção, ambos punindo a criança, provocando, inclusive, desvio de caráter”, diz Maria Edna Scorcia, diretora pedagógica do Colégio Joana D’arc, em São Paulo. E tem mais: intervir demais nas decisões escolares só demonstra desconfiança na instituição. Assim, será difícil exigir que a criança respeite a escola, já que seus pais não a respeitam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário